Todas as pessoas, ao atingirem certa idade, compreendem que a vida é hierárquica. Quando pequenos, percebemos que nossos pais e familiares mais velhos estão num nível hierárquico diferente do que nós e nossos amigos nos encontramos. Com o passar do tempo, nos deparamos mais com essa hierarquia diante de nossos professores, superiores no trabalho e até mesmo percebendo a organização do Estado e seus diversos níveis de poder. Mas e os sentimentos, você já parou para colocá-los em hierarquia também?
Os sentimentos são distintos. Cada um remete a uma emoção diferente. Como falarei sobre a diminuição do sofrimento, vou focar em questões incômodas para as pessoas.
Pense em um cenário de um dia ruim para alguém. Ao acordar, ela percebe que o chuveiro está queimado e que devido a isso terá que tomar banho gelado. Ao sair, percebe que esqueceu algo importante e que precisará voltar para buscar, o que provavelmente acarretará em atraso. Já no ponto de ônibus, o transporte demora para chegar. No ônibus, a pessoa fica presa em um engarrafamento. Chegando atrasada no emprego essa pessoa ouve uma advertência verbal de seu superior. No fim do dia de trabalho, ela recebe a notícia de que o departamento no qual trabalha não bateu a meta do mês, o que significa não receber um bônus. Voltando para casa, ela percebe que teve sua carteira furtada, o que, além de perder algum dinheiro, exigirá um grande trabalho para cancelar cartões de bancos, pedir novos cartões e ter que tirar novas vias de seus documentos, além de ter que fazer um boletim de ocorrência.
Todos os acontecimentos do dia dessa pessoa podem evocar um sentimento de sofrimento nela. A questão se torna um grande problema caso essa pessoa venha a reagir de uma forma similar e exagerada a todos eles. Ter que tomar um banho gelado não pode ser comparado em nada com o trabalho e estresse que o furto da carteira traz. Assim como a advertência verbal do chefe está em um nível hierárquico diferente das duas anteriores.
O problema é que muitas pessoas estão criando o hábito de reagir de forma similar, geralmente imatura, a praticamente tudo o que acontece com elas. A pessoa adota um determinado nível de reclamação, frustração e tristeza, e reage a tudo como se as coisas fossem todas iguais: esse é um comportamento próprio das crianças pequenas. São elas que tem um choro similar tanto quando um amiguinho pega primeiro um brinquedo, ou se ela cair no chão e machucar o joelho. É como vermos um adulto reagir da mesma forma ao cair no chão e quebrar o braço e ao ver um colega de trabalho pegando uma caneta na mesa de trabalho dele.
Se você parar para pensar, talvez você seja uma pessoa assim e acabe sofrendo demais por coisas pequenas, como se todas elas fossem comparáveis a coisas mais sérias, o que te mantém em uma teia de sofrimento. Quando um indivíduo age assim, acaba criando uma mentalidade onde tudo se torna difícil, vivendo em constante estado de desequilíbrio emocional.
Quando você cria uma hierarquia dos teus sentimentos, acaba chegando à conclusão de que a maioria das coisas não exigem de você uma grande carga emotiva para viver, sentindo cada uma como elas realmente são, e somente sofrendo os efeitos daquilo que é realmente importante.
Faça um exercício de reflexão e tente perceber o quanto a sua saúde mental pode estar sendo afetada apenas pela falta de hierarquia sobre o que cada acontecimento exige de você. Tenho certeza de que chegará a uma compreensão que vai te auxiliar muito no dia a dia!
Hierarquizar um prejuízo emocional, significa fazer uma limpeza nas emoções. Isso irá possibilitar um nível de estresse menor.