Como seres sociáveis que somos, todos nós gostamos e precisamos da companhia de outras pessoas. Muitas das alegrias e experiências que temos na vida vem justamente da convivência com outras pessoas. Mas e quando a convivência com o próximo se torna algo danoso a pessoa? É justamente um desses aspectos que vamos falar hoje: a dependência emocional.
É normal, na fase infantil, a criança ser dependente emocionalmente dos seus responsáveis, pois ela ainda está tateando o mundo, então, as pessoas com as quais ela convive são o seu mundo e sente-se segura. Todavia, conforme a criança vai crescendo, essa dependência diminui, sendo até comum a muitos adolescentes um certo confronto com essas mesmas pessoas, pois, ao descobrir que o mundo vai além daquilo que ele imaginou durante a tenra idade, o jovem muitas vezes é levado a querer testar a sua força nesse mesmo mundo. Com o fim da adolescência e chegada da vida adulta é comum esperarmos que as pessoas não sejam dependentes emocionalmente de ninguém. Isso não quer dizer, de maneira alguma, falta de amor e afeto pelas pessoas. Um adulto maduro certamente vai amar várias pessoas e se doará a elas diariamente, só que diferentemente de alguém que sente dependência emocional, a pessoa que tem as emoções corretamente organizadas não depende da presença de ninguém para que sua vida siga bem. Isso significa que é normal sofrer por perdas, chorar junto com as pessoas e amá-las intensamente, entretanto, a pessoa não deixa de viver por conta do que acontece ou da atitude do outro, por mais que sofra diante de uma situação específica, como, por exemplo, o término de um relacionamento romântico.
Quando há dependência emocional, a pessoa pensa não poder viver na ausência do outro. Em diversos tipos de relacionamento a dependência pode acontecer, mas ela é mais comum em relacionamentos amorosos, podendo o dependente assumir posturas distintas, de acordo com sua posição e personalidade. O dependente emocional, em um relacionamento, pode ser a pessoa que é submissa, e, por medo de perder, aceita ser diminuída, humilhada ou até mesmo sofrer agressões, sejam elas verbais ou físicas. O dependente também pode assumir uma face violenta, sendo aquele que humilha e controla o par, pois tem medo de perder a outra pessoa. O dependente faz do outro o centro da própria vida, vivendo um recorte distorcido da própria realidade na qual está inserido.
Geralmente essa condição se dá por fatores vividos na infância, e é necessário buscar ajuda de um profissional de saúde mental para que juntos, profissional e paciente, tratem a questão. Se você sente que precisa de ajuda ou conhece alguém que queira ajudar, não deixe de entrar em contato com um profissional.
A falta de afeto, segurança, incentivo e regras na infância podem gerar um adulto que é emocionalmente dependente de outra pessoa. Crianças que são super protegidas também podem desenvolver a dependência emocional na vida adulta. A falta de alguns fatores que desenvolvem a maturidade pode conduzir uma pessoa à perda do senso crítico, aceitando situações que podem ser ruins, somente pelo medo de não ter nada. Alguns indivíduos chegam a se limitar tanto, que se sentem ligados não somente pela falta que pensam que o outro fará, mas também pode haver uma dependência financeira envolvida. O contrário também pode acontecer, tendo um dependente emocional que usa fatores financeiros para fazer com que seu par esteja sempre perto para poder controlá-lo.
A dependência emocional é uma questão grave e deve ser trabalhada com urgência. Muitas vezes o dependente emocional julga que está dentro de uma relação normal e sadia, mas não está. Se você não consegue fazer nada sem a presença da outra pessoa, e se a ausência dela causa em ti um sentimento de angústia e total vazio, faça uma visita a um profissional e se permita entender melhor o que sente. Procurar ajuda não significa que o relacionamento vai acabar, mas, transformá-lo em algo saudável.